Vocês ouviram o que foi dito: “Ame o
seu próximo e odeie o seu inimigo”. Mas eu lhes digo: Amem os seus
inimigos. [Mateus 5.43-44]
Vimos ontem que aquilo que Jesus
estava contradizendo nas seis antíteses do capítulo 5 de Mateus não era a
Escritura, mas a tradição.
Todas as seis antíteses são variações sobre o mesmo
tema. Por acharem a lei opressiva, os escribas e fariseus tentavam reduzir seu
desafio ao tornar suas exigências menos exigentes e suas permissões mais
permissivas.
Desse modo, tornavam a lei mais manejável. Tomemos a quinta e a
sexta antíteses como nossos exemplos.
Eis a quinta: “Vocês ouviram o que
foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. Mas eu lhes digo: Não resistam ao
perverso” (v. 38-39). “Olho por olho” era uma instrução aos juízes de Israel.
Ela expressava a lei do talião, o princípio da exata retribuição como sentença
máxima. Os escribas e fariseus, no entanto, estenderam-na. Levaram-na dos
tribunais (a que pertencia) para o campo dos relacionamentos pessoais (a que
não pertencia).
Eles a usavam para justificar a vingança, que a lei proibia
explicitamente.
Agora a sexta antítese: “Vocês
ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes
digo: Amem seus inimigos” (v. 43-44).
A citação dos escribas era uma perversão
escandalosa da Escritura, pois acrescentava ao mandamento de amar nosso próximo
um mandamento correspondente de odiar nosso inimigo, que não se encontra no
texto do Antigo Testamento.
Os professores da lei se perguntavam quem era o seu
próximo, a quem deveriam amar. Isso porque, é claro, respondiam a si mesmos que
seu próximo era seu conhecido e semelhante de raça e de religião.
Sendo assim,
se lhes era exigido amar somente seu próximo, isso equivalia à permissão para
odiar seu inimigo. Mas Jesus condena por completo esse casuísmo. Ele insistiu
que nosso próximo, no vocabulário de Deus, incluía nosso inimigo.
Se amarmos apenas aqueles que nos
amam, não seremos melhores que os não-cristãos.
Se amarmos nossos inimigos, no
entanto, ficará aparente que somos filhos do nosso Pai celestial, uma vez que
seu amor é indiscriminado, dando chuva e sol a todas as pessoas
indistintamente.
Alfred Plummer resumiu as opções: pagar o bem com o mal é
demoníaco; pagar o bem com o bem é humano; pagar o mal com o bem é divino.
Para saber mais: Mateus 5.43-48
Fonte: Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora Ultimato.
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