sexta-feira
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça
que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”.
[Romanos 1.17]
Quando eu era monge, não consegui coisa alguma por meio de jejum
e oração. Isso porque nem eu nem qualquer outro monge reconhecíamos o nosso
pecado e a nossa falta de reverência a Deus.
Nós não entendíamos o pecado
original nem percebíamos que a incredulidade também é pecado. Acreditávamos e
ensinávamos que, não importa o que as pessoas façam, elas nunca podem estar
certas da bondade e da misericórdia de Deus. Como resultado, quanto mais eu
corria atrás de Cristo e o procurava, mais ele se esquivava de mim.
Assim que compreendi que era apenas por intermédio da graça de
Deus que eu seria iluminado e receberia vida eterna, trabalhei com empenho para
entender o que Paulo diz em Romanos 1.17 – uma justiça que vem de Deus é
revelada no evangelho. Procurei por muito tempo e tentei por várias vezes entendê-la.
Mas as palavras em latim para “a justiça que vem de
Deus” eram um obstáculo para mim.
A justiça de Deus geralmente é definida como
a característica pela qual ele é impecável e condena o pecador. Todos os mestres,
com exceção de Agostinho, interpretavam a justiça de
Deus como a ira de
Deus.
Assim, todas as vezes que eu lia essa passagem, eu desejava que Deus
nunca tivesse revelado o evangelho. Quem poderia amar um Deus irado que nos
julga e condena?
Por fim, com a ajuda do Espírito Santo, olhei mais
cuidadosamente para o que o profeta Habacuque disse: “O justo viverá pela sua
fé” (Hc 2.4, ARA).
Desse trecho, concluí que a vida deve vir da fé. Portanto,
levei o nível abstrato para o nível concreto, como costumamos dizer na escola.
Relacionei o conceito de justiça a uma pessoa que se torna justa. Em outras
palavras, uma pessoa torna-se justa por meio da fé. Isso abriu toda a Bíblia –
até o próprio céu – para mim!
Fonte:
Retirado de Somente
a Fé — Um Ano com Lutero. Editora Ultimato.