Do presbítero para a querida Senhora e seus filhos, a quem amo de verdade. (2Jo 1)
João não escreveu essa Segunda Carta a uma mulher, como se pode pensar. Essa “querida Senhora e seus filhos“ são uma igreja local e seus membros. Não se sabe por que o autor não foi preciso como Paulo, que endereçava suas cartas ao povo de Deus que estava em tal e tal lugar, como Corinto, Éfeso, Filipos etc.
Especula-se que pode ter sido por uma questão de prudência, como hoje não se menciona o nome de certos países onde há missionários cristãos, por causa dos riscos que eles correm. Naquela época também havia perseguições. Outra razão seria uma fantasia literária de João (C. H. Dodd).
Se essa querida Senhora fosse de fato uma mulher, João teria rompido a barreira da discriminação de gênero, comum na época. Anos antes, ele e os demais apóstolos haviam estranhado quando viram Jesus conversando com uma mulher junto ao poço de Jacó (Jo 4.27).
A carta começa como uma declaração de amor: “Não somente eu, mas todos os que conhecem a verdade amam vocês”. João explica a razão desse amor verdadeiro: ”Nós os amamos por causa da verdade que continua em nós e estará sempre conosco”. Ele não diz “por causa da verdade que está em vocês”, porque a verdade estava tanto na igreja do presbítero quanto na igreja para a qual a carta está sendo escrita.
A profissão de fé de João abarca tanto o presente contínuo (“a verdade continua em nós”) quanto o futuro continuo (“e estará conosco sempre”). Talvez João tenha se lembrado da informação que ele deu no seu Evangelho: “Muitos seguidores de Jesus o abandonaram e não o acompanharam mais” (Jo 6.66). E também da pergunta de Jesus: “Será que vocês, também querem ir embora?” (v. 67) e da resposta que Pedro deu em nome de todos: “Quem é que nós vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão vida eterna” (v. 68).
Depois de nascida, a fé precisa vingar, desenvolver-se e inflamar os outros!
Fonte: Retirado de Refeições Diárias com os Discípulos. Editora Ultimato.
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