sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O manifesto de Nazaré

O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres.
[Lucas 4.18]

Mateus e Marcos situam a visita de Jesus à sinagoga de Nazaré mais adiante em seu ministério.

Lucas, no entanto, a coloca deliberadamente bem no início de seu ministério, porque ele a vê como um prenúncio profético da mensagem de Jesus e de sua rejeição por parte de seu próprio povo.

Jesus leu os dois primeiros versículos de Isaías 61 e imediatamente afirmou que Isaías estava se referindo a ele.

“Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir” (Lc 4.21).

Ele era o Messias, o ungido, que havia sido designado para trazer libertação a quatro categorias de pessoas — aos pobres, aos cativos, aos cegos e aos oprimidos.

A questão crucial é se a condição desses grupos é espiritual ou sociopolítica. Há respostas diferentes.

Alguns espiritualizam o evangelho, como se ele oferecesse somente salvação do pecado.

Outros politizam o evangelho, como se ele oferecesse somente libertação da opressão.

Nenhuma dessas posições, no entanto, é satisfatória, pois nenhuma das duas faz justiça ao texto.

Os que o espiritualizam se esquecem de que Jesus teve comunhão com os pobres, ao passo que os que o politizam se esquecem de que a palavra grega para liberdade (v. 18) pode também significar “perdão”.

A única maneira de resolver esse dilema é dizer que ambos estão corretos, uma vez que Jesus ensinou ambas as coisas.

Os pobres no Antigo Testamento eram pessoas humildes, que clamavam a Deus por misericórdia,
e pessoas oprimidas, que necessitavam ser libertas.

Além disso, “o evangelho vem como boas novas para ambos.

* Os espiritualmente pobres, que… se humilham diante de Deus, recebem pela fé o dom gratuito da salvação…

* Os materialmente pobres e sem forças encontram, além da nova dignidade como filhos de Deus, o amor de irmãos e irmãs, que lutarão para a sua libertação de tudo que os rebaixa e oprime”.

O que é verdadeiro acerca dos pobres (tanto material quanto espiritualmente) é também verdadeiro sobre os cativos, os cegos e os oprimidos.

O evangelho é boa nova para eles também em ambos os sentidos.

Para saber mais: Lucas 4.14-21

Fonte: Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora Ultimato.

/http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2014/01/11/autor/john-stott/o-manifesto-de-nazare/

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